
Cidade, Psicologia e Corpo: interrealções dinâmicas e reflexivas. Bela iniciativa do Grupo Himma!!!

Na III Mostra Regional de práticas em psicologia em 2009 foi possível ouvir um belo discurso do filósofo da Universidade Nômade Luiz Fuganti. Na palestra Fuganti discursou sobre o tema do professor e consequentemente da escola. Ele comparou a escola com outros mecanismos sociais normatizantes, e afirmou que estas instâncias são formas de “roubar” diversas experiências do ser humano, ao tentar “adestrá-lo”. Para ele “a experiência do pensamento é roubada pela palavra. A experiência do corpo é roubada pela subjetivação. A do desejo é roubada pela moral, pela condenação. A experiência do tempo é roubada pelo foco em uma memória e um futuro, mas não no acontecimento, no presente. E a experiência de aprendizado é roubada porque se inventa uma atenção que, na verdade, produz desatenção” (Luiz Fuganti, 2009). Uma fala audaciosa e verdadeira. Quando conseguiremos fazer nosso dever de casa? Para Fuganti é incrível perceber como descuidamos de nós mesmos; pois se há um problema também é porque houve algum valor instituído com a nossa permissão. E ainda assim, a vida não pode ser vista num processo binário, mesmo que possa haver maus encontros. Os maus encontros deixam a vida impotente, e é neste momento que deve se criar um problema, pois para o filósofo existe uma arte de criar problemas e gerar saídas interessantes. Algo muito diferente do que dar respostas ou encontrar respostas. Para Fugante na medida em que damos respostas, nos tornamos escravos.
O que se faz com um mau encontro? Somos radicalmente diferentes uns dos outros; porém para ele algo em nós vai desistindo e alguma outra coisa em nós vai se fortalecendo... Como fazer a lição de casa? O que é fazer escolhas? Para o filósofo a lição de casa é comparada à lição de nossa vida e para que saibamos se estamos ou não fazendo a lição de casa é saber se conseguimos ouvir o que nos acontece. Para Luiz Fuganti é importante se fazer o dever de casa, que seria ouvir o que é acontecimento – algo que está fora da memória de passado e da memória de futuro. O acontecimento é presente e é intensidade, o aprendizado seria um aprender a recortar no campo da experiência. Para Fuganti aprender é ainda mais, é conquistar força. A moral do fraco para Fuganti é deformar o outro para poder se comparar, esta é para ele a nova forma de adestramento que opera a desqualificação do indivíduo (professor, aluno etc.). Desqualificar o outro, o profissional, o aluno seria um mecanismo para que se possa controlar este ouro, isto é o adestramento. E se não der certo, medicalização.
Fuganti concorda com o filósofo Michel Foucault quando diz que o poder inventa faltas, ou buracos, ou vazios, ou algo considerado ruim e errado (por quem?), para depois trazer a “solução” algo que preencha, ou que prometa preenchimento. Todas as soluções "inventadas" pelo sistema decorreria de falsos problemas. Para Fuganti quando não se faz o dever de casa, quando não se ouve o acontecimento, o presente e nossa própria experiência nos perdemos com falsos problemas e nos acomodamos com as falasas respostas.