quinta-feira, 30 de julho de 2009

As Voltas do Minhocão


Cidade, Psicologia e Corpo: interrealções dinâmicas e reflexivas. Bela iniciativa do Grupo Himma!!!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Normas & Roubos


Na III Mostra Regional de práticas em psicologia em 2009 foi possível ouvir um belo discurso do filósofo da Universidade Nômade Luiz Fuganti. Na palestra Fuganti discursou sobre o tema do professor e consequentemente da escola. Ele comparou a escola com outros mecanismos sociais normatizantes, e afirmou que estas instâncias são formas de “roubar” diversas experiências do ser humano, ao tentar “adestrá-lo”. Para ele “a experiência do pensamento é roubada pela palavra. A experiência do corpo é roubada pela subjetivação. A do desejo é roubada pela moral, pela condenação. A experiência do tempo é roubada pelo foco em uma memória e um futuro, mas não no acontecimento, no presente. E a experiência de aprendizado é roubada porque se inventa uma atenção que, na verdade, produz desatenção” (Luiz Fuganti, 2009). Uma fala audaciosa e verdadeira. Quando conseguiremos fazer nosso dever de casa? Para Fuganti é incrível perceber como descuidamos de nós mesmos; pois se há um problema também é porque houve algum valor instituído com a nossa permissão. E ainda assim, a vida não pode ser vista num processo binário, mesmo que possa haver maus encontros. Os maus encontros deixam a vida impotente, e é neste momento que deve se criar um problema, pois para o filósofo existe uma arte de criar problemas e gerar saídas interessantes. Algo muito diferente do que dar respostas ou encontrar respostas. Para Fugante na medida em que damos respostas, nos tornamos escravos.


O que se faz com um mau encontro? Somos radicalmente diferentes uns dos outros; porém para ele algo em nós vai desistindo e alguma outra coisa em nós vai se fortalecendo... Como fazer a lição de casa? O que é fazer escolhas? Para o filósofo a lição de casa é comparada à lição de nossa vida e para que saibamos se estamos ou não fazendo a lição de casa é saber se conseguimos ouvir o que nos acontece. Para Luiz Fuganti é importante se fazer o dever de casa, que seria ouvir o que é acontecimento – algo que está fora da memória de passado e da memória de futuro. O acontecimento é presente e é intensidade, o aprendizado seria um aprender a recortar no campo da experiência. Para Fuganti aprender é ainda mais, é conquistar força. A moral do fraco para Fuganti é deformar o outro para poder se comparar, esta é para ele a nova forma de adestramento que opera a desqualificação do indivíduo (professor, aluno etc.). Desqualificar o outro, o profissional, o aluno seria um mecanismo para que se possa controlar este ouro, isto é o adestramento. E se não der certo, medicalização.

Fuganti concorda com o filósofo Michel Foucault quando diz que o poder inventa faltas, ou buracos, ou vazios, ou algo considerado ruim e errado (por quem?), para depois trazer a “solução” algo que preencha, ou que prometa preenchimento. Todas as soluções "inventadas" pelo sistema decorreria de falsos problemas. Para Fuganti quando não se faz o dever de casa, quando não se ouve o acontecimento, o presente e nossa própria experiência nos perdemos com falsos problemas e nos acomodamos com as falasas respostas.