segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Impactos psicossociais causados pela inundação...

Fichamento: Impactos psicossociais causados pela inundação de 2008 em Petrópolis, RJ
Marinice dos Santos Machado / Sídio Werdes Sousa Machado / Simone Cynamon Cohen

Segundo Castro, não há dúvidas de que a interferência humana pode alterar as condições de sustentabilidade do meio, potencializando a ocorrência de desastres naturais, como enchentes, enxurradas e deslizamentos (Castro, 1998). De acordo com a Estratégia de Redução de Desastres das Nações Unidas (EIRD, 2005), a incidência desses eventos tem aumentado em todo o mundo, constituindo-se em obstáculo para o desenvolvimento das localidades.

o desastre natural deve ser entendido como uma violação do equilíbrio do sistema como um todo, onde uma compreensão integrada desta experiência não possa prescindir de um olhar multidisciplinar de como suas vítimas enfrentam tal fenômeno.

As pessoas vitimadas relataram que a experiência da perda de objetos, documentos, fotografias e tantas coisas importantes na vida, levaram a uma sensação de impotência e insegurança diante da situação inesperada a ser enfrentada. Em situações de morte de parentes ou amigos, algumas pessoas desenvolveram um quadro significativo de vulnerabilidade e desestruturação psíquica, desencadeando quadros de depressão e angústia frente à sensação de lhe faltar um maior apoio e acolhimento.

Quando o conhecimento tácito ou explícito, em nível municipal ou estadual, não dá conta de entender a complexidade do desastre que vivencia, há necessidade de buscar outro tipo de conhecimento explícito dentro do sistema que atenda as diversas demandas emergentes dessas situações que são recorrentes.

Os desastres naturais podem provocar graves impactos sobre a população afetada,
por isso, não devem ser analisados como fatores independentes do contexto social, como também da saúde mental da comunidade.
Além da sua dimensão natural, as conseqüências dos desastres devem ser abordadas num contexto psicossocial, uma vez que as catástrofes ocorrem em situações que exprimem, invariavelmente, a materialização de uma vulnerabilidade. A sensação súbita e inesperada da morte e a impotência diante dos fatos promovem uma série de manifestações emocionais na pessoa vitimizada, dentre as quais se destacam: o medo, o desamparo, a incerteza, a desesperança e a impotência diante da situação a ser enfrentada, além do desespero pela morte de parentes ou amigos.

A contribuição da Psicologia para a construção de comunidades mais seguras consiste, por um lado, na realização de pesquisas sobre o comportamento individual nos períodos pré, durante e pós-impactos, e, por outro, na capacidade de preparação e recuperação de comunidades impactadas. Cabe afirmar ainda que a pesquisa com os moradores afetados pelos desastres proporcionou uma análise sobre a experiência por eles vivida e rememorada, trazendo contribuições a novos debates que irão orientar ações relevantes sob o ponto de vista humanitário, em torno das práticas de prevenção, socorro, reabilitação e reconstrução, necessárias para o restabelecimento do bem-estar da população.

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Quem planta lixo, colhe enchentes.
Não estamos a salvo das desgraças, mas devemos ser solidários diante delas.
Carlos Eduardo Leal
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Referência:
http://www.defesacivil.uff.br/defencil_5/Artigo_Anais_Eletronicos_Defencil_08.pdf

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